Produtos "SEM LACTOSE"


A lactose é o principal carboidrato do leite, representando o constituinte sólido predominante e menos variável. A lactose tem um leve sabor adocicado, em comparação com outros açúcares, o que torna mais aceitável as dietas lácteas.

Pela ação de ácidos, sob calor, a hidrólise da lactose pode ser produzida pela enzima lactase, obtida industrialmente a partir de uma levedura (Tórula cremoris) e seu emprego é preconizado nas indústrias de laticínios. O leite previamente hidrolizado pode ser consumido por pessoas intolerantes à lactose, visto que a intolerância à lactose deve-se a dificuldade da pessoa digerir a lactose.


De acordo com o professor Marcelo Resende (2013), o processo se resume a deixar o leite em repouso para sofrer ação da enzima lactase, por um período de 3 a 4 horas, em temperatura ambiente. Assim, a lactase quebra a lactose em dois componentes: glicose e galactose.

“A glicose, por ter um princípio sensorial de ser mais doce que a lactose, altera o sabor do leite, deixando-o com um gosto mais adocicado, porém não há adição de açúcar (sacarose) ao produto. O leite com baixo teor de lactose não tem nenhuma perda de nutriente. Ele apresenta o mesmo valor calórico, fornecimento de nutrientes, aminoácidos e vitaminas essenciais. Contudo, por se tratar de um processo de produção mais caro, o preço final do produto é mais alto”, explica o professor.

Normalmente o leite possui, em média, 4,8% de lactose. Desse modo, o leite submetido ao processo de hidrólise, possui 1% de lactose. Sendo assim, a lactose não é retirada do leite, e sim quebrada, fazendo o processo que o organismo não consegue fazer.

O processo de deslactosação envolve a colocação do leite pasteurizado com a enzima em silos de armazenagem, a uma temperatura entre 6-10 ° C para neutralizar o desenvolvimento da flora residual. Como esta gama de temperaturas está longe de ser óptima na atividade correspondente o β – galactosidase de Kluyveromyces spp . ( 35-40 ° C ) , enzima comumente utilizada na indústria de lacticínios, o processo leva 15 a 20 horas para obter cerca de 85 % de hidrólise (REPELIUS , 2001).


|| ESTUDO DA HIDRÓLISE DA LACTOSE NA OBTENÇÃO DE LEITE LACTOSE HIDROLISADO MICROFILTRADO E AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICOQUÍMICOS PARA DETERMINAÇÃO DA SUA VIDA ÚTIL

HOSHINO et al (2009), objetivaram desenvolver um leite desnatado pasteurizado microfiltrado, com baixo teor de lactose.

Para tanto, estudou-se a melhor condição de hidrólise da lactose (concentração de lactase X tempo/temperatura de reação); b) Determinação das características físico-químicas e da cor instrumental do produto obtido e c) Avaliação durante estocagem refrigerada a 5 e 10°C, de modo a determinar, físicoquimicamente, qual a vida útil deste produto.

De acordo com os resultados obtidos, os valores de densidade e acidez titulável, bem como os teores de proteína e de gordura dos leites LDPLHM estão dentro dos critérios estabelecidos pela Instrução Normativa 51 (BRASIL, 2002), para leite pasteurizado tipo A (ainda vigente no período do experimento). Com relação aos valores de pH e de sais, a legislação não determina quais as faixas de valores adequadas para estes parâmetros. Porém, estes valores encontram-se dentro dos intervalos citados na literatura internacional de lácteos.

Porém, visualmente, as amostras comerciais de leite hidrolisado se apresentaram mais “escuras” do que as de leite hidrolisado microfiltrado. O que justifica a cor do leite sem lactose comumente encontrado no mercado.

Contudo, dentre às vantagens desse leite aos intolerantes e como tudo tem seu ponto negativo, muitas reclamações são realizadas, em site específico, quanto aos leites sem lactose recentemente lançados ao mercado. As alterações do produto são muitas, citadas pelos consumidores, assim como as dúvidas dos profissionais da área quanto ao processo utilizado pelas indústrias processadoras.

"TENHO INTOLERÂNCIA À LACTOSE E ADQUIRI QUATRO CAIXAS DO LEITE (marca preservada) ZERO LACTOSE. AO TOMAR 200ml DO LEITE, TODOS OS SINTOMAS DA INTOLERÂNCIA SE MANIFESTARAM, COMO: NÁUSEAS, VÔMITOS, AZIA, GASES, DORES, INCHAÇO ABDOMINAL E UM TERRÍVEL MAL ESTAR, QUE NENHUM MEDICAMENTO CONSEGIU ALIVIAR. COMO ISSO PODE ACONTECER, SE O LEITE NÃO CONTÉM LACTOSE?”
A empresa respondeu à consumidora disse que existem outros componentes no leite que podem gerar de leves desconfortos à sintomas graves. E que o nosso organismo pode desenvolver outras patologias as quais nem o leite zero lactose evitaria os sintomas.

Outra consumidora disse que adquiriu 5 caixas com 12 unidades cada e ao consumir o produto teve reações intestinais e o produto se apresentava talhado ou cristalizado. A empresa não justificou o fato desses aspectos no produto, mas, solicitou os dados de registro dos produtos e garantiu ressarcimento à consumidora".


Dentre esses, muitas outras características indesejáveis são registradas pelos consumidores quanto aos produtos sem lactose. O que nos leva à concluir que muito ainda tem-se à avaliar na produção e nos processos utilizados, deixando de pensar apenas no “apelo de marketing” ou de aproveitar a “onda dos produtos sem lactose” e começando a investir na qualidade do produto final para atingir as exigências dos consumidores.

Fiquem atentos!!

Saiba mais sobre Intolerância à lactose AQUI!


Referências:

Post completo do Professor Marcelo Resende (2013) em:

HOSHINO et al (2009) em:

REPELIUS, C. Lactase: an optimun enzime for low lactose. Asia Pacific Industry, Special Supplement Ingredient & Additives, jun. 2001. In. http://www.scielo.br/pdf/cta/v28s0/18.pdf

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